Taxa de juros
Reação do mercado
A maré da economia no país está mais que mexida. O Brasil tem uma das maiores taxas nominais de juros no mundo. Com 13,75%, só perde para a Argentina, que pratica 75% na sua taxa. Apesar de ser historicamente um país que vive com um elevado patamar cobrado em parte pela trajetória da inflação e parte por interferências políticas no Banco Central, dois fatores bem recentes, soma-se a isto o fato de o Brasil viver sob gestões de governos gastadores (em geral não da melhor maneira), algo que também pesa e encare o crédito. Com esse cenário um dos setores que mais pode ser afetado é o da comercialização de aeronaves particulares. O começo do ano teve o mercado de aquisição ou leasing de aeronaves passando por um momento de estabilidade. Lição de casa para as tradings que melhor atuam no segmento de negociação de aeronaves. Para a Aerotrading, que fica em Ribeirão Preto (SP), mais que a alta dos juros, o humor do mercado é quem está ditando as negociações. Uma fase pós-eleições tem azedado os investimentos, principalmente no segmento do agronegócio, que mantém apertada a tecla da incerteza no plano político e econômico. Entretanto eles entendem que a situação deva melhorar no segundo semestre e trabalham para lembrar aos clientes que no Brasil as coisas tendem a se resolver. Para a trading, o brasileiro está acostumado a administrar crises e sabe, por exemplo, que a alta dos juros tem muito a ver com o cenário internacional. Conversando com a Savixx, uma forma de mitigar a questão dos juros altos é o operador colocar uma entrada maior de 70 a 80% no negócio, uma regra geral e lógica de mercado e não somente do setor da aviação. Uma alternativa, segundo a empresa, é o cliente trabalhar com a antecipação dos recursos que pode viabilizar a aquisição sem recorrer a financiamentos bancários ou leasing, evitando os juros. Caso ele opte por financiamentos com recursos no exterior, os bancos possuem linhas de crédito através da resolução 4131, mas aí existe o risco da variação cambial.
Este é um dos caminhos indicados também pela Timbro. É o mais simples e com maior abrangência. A aprovação da importação por encomenda de pessoa física gera a vantagem de o cliente acessar outras linhas de crédito mais baratas, chegando a 7 ou 8% ao ano. É uma conta feita em dólar, mas em compensação o ativo a ser negociado também é em dólar. As opções estão na resolução 4131, no crédito internacional, um CDC, um capital de giro para fazer a operação no nome dele. Na Timbro, 44% das operações são feitas por leasing importação e 56% são por encomendante direto, seja utilizando capital próprio ou buscando linhas de crédito internacional. Outro caminho oferecido por eles é a possibilidade de o encomendante utilizar o benefício de usar commodities que ele produza como moeda de troca pelo produto a ser adquirido. A negociação pode ser feita tanto pela pessoa física como jurídica e os pagamentos são realizados à medida que a commoditie seja comercializada. Segundo a Timbro, essa negociação mesmo considerando as diversas variações de preço de mercado pode ser mais em conta que um leasing convencional. Segundo a Savixx, com o patamar da Selic em 13,75% ao ano, são claras as perspectivas da continuidade dos juros mais elevados, e há algumas incertezas de mercado que podem impactar a economia como um todo, além de outros fatores como inadimplência, lucro e despesas administrativas, que podem definir os juros cobrados pelos bancos. No passado, por volta de 2005, as taxas estavam num patamar de 0,9% e agora a média está em 1,5%. Para um segmento que trabalha com aeronaves de valor acima de US$ 15 milhões, a turma que está muito líquida em dólar e já acostumada a fazer estruturações financeiras na moeda americana, o atual cenário não está sendo o fator que vai determinar algum cancelamento de negócio. Mas conforme a Timbro nos contou, para a fatia de mercado entre US$ 5 a 10 milhões eles têm visto uma série de clientes buscar soluções para o crédito internacional junto aos seus bancos aqui no Brasil mesmo. Na visão da Savixx, o comprador brasileiro está também de olho numa redução de preços de aeronaves no mercado americano. Existe uma estimativa que os valores pedidos por aeronaves usadas caiam e se mesmo não sendo no ritmo esperado devem fazer aparecer melhores ofertas. Isto já para o final do primeiro semestre de 2023.