A curiosidade pode te levar aonde você nem imagina. Com a chegada dos carros elétricos surgiram muitas dúvidas sobre o funcionamento e comportamento desses veículos. Para algumas questões não basta a informação de fontes especializadas, é preciso ver se aquele modelo ou outro veste bem com o seu tipo de uso e isso só dá mesmo para saber após um período mínimo de experimentação. Aí que entra a Osten Go, braço da empresa multimarca que investe num sistema de experimentação que vai além dos testes de direção oferecidos pelas revendas e que são feitos em percursos curtos quando mal dá para verificar o funcionamento do carro. Essa foi a forma da Osten em melhor mostrar como são os modelos eletrificados e olhando na loja deles no bairro paulistano do Tatuapé, a oferta não se restringe aos modelos mais populares, há Tesla, BMW e Porsche no catálogo. Pegar, por exemplo, um BYD Dolphin EV de um a seis dias sai por R$ 270,00 com uma base de uso de 100km por dia e R$ 2,35 cobrado pelo quilômetro excedente. Porém isso pode ser adequado conforme a necessidade do cliente. Sempre considerando 100km de uso diário, de 7 a 14 dias, o carro sai por R$ 250,00 por dia com R$ 2,18 pelo quilômetro excedente, dentro de um período de 15 a 23 dias os valores respectivos são de R$ 238,00 e R$ 2,00. No pacote mensal a pessoa pagará R$ 230,00 e R$ 2,00. Outros da linha BYD disponíveis são o Song Plus, Seal e King. A diária do Song Plus por exemplo, sai por R$ 390,00 com limite de 100km de uso. Tal percurso servirá para fazer teste de carregamento, ver como é a autonomia e obviamente o comportamento do carro. A Osten Go também tem seus programas de assinatura com planos a partir de 12 até 48 meses de modelos de luxo e a escolha do carro seguirá as necessidades do cliente, inclusive vendo as opções de cores, instalação de acessórios, como se a pessoa estivesse mesmo adquirindo aquela unidade. O plano de 12 meses para o Dolphin EV sai por R$ 5.590,00 por mês com uma franquia de 1.000km/mês sendo que o quilômetro excedente custa R$ 1,62. Para 24 meses, a mensalidade é de R$ 5.200,00 com o quilômetro excedente por R$ 1,50, com 36 meses, os valores são de R$ 4.700,00 e R$ 1,48 e para o pacote de 48 meses a Osten Go está com um valor promocional de R$ 4.185,00 e quilômetro excedente em R$ 1,21. Em todos os casos a franquia de quilometragem é de 1.000km. Dentro do teste da experimentação pegamos um BYD Dolphin EV. Ele estava novo, ainda mantinha diversas proteções plásticas como no painel, quebra sol e no painel o hodômetro total marcava pouco mais de 30km. Com ele partimos de São Paulo (SP) com destino à Curitiba (PR). Quando efetivamente pegamos a estrada o Dolphin EV mostrava que tinha 92% de carga de bateria de 44,9kWh depois de ter rodado 31km a partir da Osten Go e teríamos ainda um alcance de 376km. O Waze mostrava que até o aeroporto de Bacacheri, que era nosso destino, seriam 395km a serem percorridos em estimadas 4h47min. Ir de uma tacada só não daria, seria necessário uma escala para recarregar a bateria. Apesar de conhecer bem o trecho, consultamos o aplicativo PlugShare que indica os eletropontos disponíveis no caminho. As escolhas naturais seriam o do Graal Buenos Aires e o Petropen em Registro que ficavam respectivamente a 188km e 200km de distância de nosso ponto de partida. Existem outros mais perto de São Paulo, mas não valeria a pena andar tão pouco para já recarregar a bateria.

Contudo o Buenos Aires está com reformas no seu pátio e os totens estavam inoperantes. Havia também a opção pelo posto Ongarato 500 que fica em Cajati 37km à frente do Petropen e que tem dois eletropontos de carga rápida da Volvo. Contudo se para carros da marca o carregamento é gratuito, há alguns meses é cobrado para modelos de outras marcas e é bem mais caro. Se no Petropen a carga sai por R$ 2,20 por kWh o da Volvo sai por R$ 4,00 e ainda há a taxa de R$ 2,50 para a ativação do totem. Nem por conta do excelente pudim de leite encontrado no restaurante do Ongarato 500 dá para considerar pagar o dobro. Fazer a escala no Petropen já seria uma opção normal, mesmo num carro à combustão. Depois de 3h23m de viagem foi o tempo para começar a querer fazer uma parada para ir ao banheiro. Quando chegamos ao Petropen o Dolphin EV tinha uma carga de 30% restante na sua bateria o que permitiria andar mais 122km. Daquele ponto, ainda seria necessário percorrer 197km até Curitiba. O consumo elétrico girou na média de 14,9kWh a cada 100km e na ocasião estava bem frio, o que permitiu andar sempre com o ar condicionado desligado, o que economiza energia. Como no caminho há a descida da Serra do Cafezal, houve a oportunidade de usar o trecho para incitar uma maior regeneração de energia para a bateria por conta das constantes frenagens. Tem muito radar no trecho e por muito tempo é preciso manter o pé levemente no freio para que o carro não ganhe velocidade na descida. Como todo elétrico, o BYD faz a regeneração toda vez que se tira o pé do acelerador e havíamos selecionado o modo mais acentuado. Já houve ocasiões que isso significou num ganho de 22% na carga da bateria. Depois de ir ao banheiro e fazer um lanchinho, ao checar no aplicativo da We Charge que controlava aquele eletroposto, como andava a recarga, foi constatado que depois de 42 minutos já havia sido carregado 90% da bateria. O totem no Petropen tem capacidade de carregamento de ótimos 150kWh. Desse patamar já daria para seguir tranquilamente para Curitiba, mas como era teste, foi resolvido que deixaríamos carregando até os 100% ainda que levando em conta que a partir de 90% o ritmo de carregamento é mais lento como tantos outros aparelhos elétricos. Contudo, mal deu para voltar à lanchonete e comer um pastel de carne. Depois de 13 minutos a bateria estava nos 100%. Foram 55min40s no total e recarregando 33,88kWh que custaram R$76,53 pagos via aplicativo. Alguém pode falar que uma hora para carregar uma bateria é muita coisa. Contudo, numa viagem em família esse tempo (ainda mais considerando os 42 minutos checados antes) é basicamente o mesmo que se dispensa com um carro à combustão, especialmente se estiver com crianças ou seus animais de estimação, pois não é somente o tempo para reabastecer o tanque. O cachorro tem o tempo dele para fazer o seu pipi e esticar as patas. Um almoço pode demandar mais que 55 minutos. Recarregados seguimos para Curitiba e foi nessa segunda etapa que aconteceram três acidentes com direito a 3h parados no meio do nada e que influenciariam todo o resto do dia.

Se a estimativa inicial era de chegar no aeroporto de Bacacheri por volta de 12h40, o objetivo foi atingido às 16h30. Depois de fazer o que era preciso, foi pensado no retorno para São Paulo. A questão era que combinamos devolver o Dolphin EV na Osten Go no dia seguinte. As opções seriam a de pernoitar num hotel, já há diversos com carregadores de média velocidade (11kWh) de uso gratuito para o hóspede, que numa dormida de 6 ou 7h daria para carregar o Dolphin EV por completo ou então recarregar em alguma opção de carga rápida e retornar direto. Como havia a possibilidade na volta no dia seguinte em pegar outra situação de acidente como o da ida e não chegar a tempo da devolução do carro, resolvemos voltar direto. Se o cansaço fosse muito, pararíamos em algum hotel de beira de estrada. Neste momento usamos do gerenciamento de recarga. Como os trechos entre os eletropontos não seriam de mais de 200km, não precisaríamos recarregar a bateria por completo, reduzindo o tempo. Em Curitiba, estávamos com cerca de 25% de carga na bateria. Achamos um eletroponto perto do aeroporto de Bacaheri e em 35minutos, às 20h38, já tínhamos 79% de carga, o que seria suficiente de andar até 323km na cidade ou um pouco menos na estrada. Feito isso seguimos novamente até o Petropen, 192,3 km distante, percurso feito em 2h20min, consumindo uma média de 13,4kWh/100km, onde chegamos com 12% de bateria e um alcance restante de 47km. Nesse trecho há subida de serra e ainda usamos bastante o ar condicionado. Neste ponto, novamente carregamos apenas o suficiente para chegar em casa, o que deu menos de meia hora. No total foram recarregados 106,70kWh em cima da bateria cheia do BYD Dolphin EV e rodamos 855,7km. O custo das recargas foi de R$ 237,76. Um carro de tamanho e categoria similar à combustão pode fazer cerca de 13km/l na estrada e considerando uma média de R$ 6,10 o litro da gasolina, a pessoa teria que dispensar algo como R$ 401,60. Mesmo levando em conta o etanol, que nessa viagem a média estava em R$ 4,40 com um carro fazendo 11km/l o custo total seria de R$ 342,00. Pedágio para qualquer um seria o mesmo. Mas os custos de manutenção são mais baixos no elétrico. O BYD Dolphin EV com seus 95cv em si é um carro que faz essa viagem com as rodas nas costas. Apesar de pequeno, oferece 2,7m de entre eixos e conforto bom para quatro passageiros, um quinto seria mais para a emergência e uso urbano. Na tabela do fabricante, ele sai por a partir de R$ 149.900, dependendo se seu uso for baixo, o plano de assinatura pode valor a pena disponibilizando um montante menor para ter um veículo na sua garagem.

Onde achar
Osten Go
Tel.: (11) 94828 3681
www.ostengo.com.br/