Novo Museu de Aeronáutica
Novidade Histórica
Num repente, a cidade de São Paulo pode ganhar um dos melhores museus da aviação. No dia 19 de dezembro de 2024 foi assinado o acordo de parceria entre o Museu Asas de um Sonho e a Força Aérea Brasileira. Para entender melhor essa ação é preciso amarrar algumas pontas históricas. O projeto de um museu de aviação na capital paulista já fora cogitada em 2015 desde que o museu Asas de um Sonho fechou as suas portas em São Carlos (SP). Na época estava para ser organizada a Sociedade dos Melhores Amigos da Aeronáutica que iria agregar ao menos 30 pessoas entre civis e militares para tocar um museu a ser aberto no Campo de Marte. Nele estariam expostos os acervos do Asas de um Sonho e algo como 8.000 peças históricas que estavam no IV Comar. Uma das pessoas que estava à frente das negociações era o então Maj-Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno. Curiosamente a parceria atual foi fechada com o próprio Damasceno, atualmente Comandante da Aeronáutica. Na sua apresentação ele explicou as causas que fizeram que o museu naquela época não seguisse em frente. O Campo de Marte ainda estava num imbróglio jurídico entre a União e a Prefeitura de São Paulo, um litígio que se estendia desde 1958 quando foi iniciada uma ação para a retomada da área do aeroporto pela prefeitura paulistana e obter uma indenização do seu uso pela União. Erguer uma estrutura como o museu naquela época seria uma ação em cenário instável. Por isso a coisa não andou. Entretanto o problema foi resolvido em 2022 com um acordo com um ajuste de contas prevendo a troca do valor da indenização durante todos os anos pela dívida de cerca de R$ 24 bilhões que a prefeitura tinha com a União. No acordo, as partes da área onde estão a base aérea, o aeroporto civil, o hospital da aeronáutica, as vilas militares, tudo ficou para a União e uma área adjacente que servia, por exemplo, para o estacionamento dos carros alegóricos das escolas de samba no carnaval, essa foi repassada para a prefeitura paulistana. Com essa situação resolvida a ideia de erguer o museu voltou a ganhar corpo. A força aérea tem feito algumas parcerias com iniciativas tanto público como privada e tem exemplos no Ceará onde está sendo erguido o ITA Fortaleza junto com o Ministério da Educação e o Estado do Ceará, na Bahia onde estabeleceu um parque tecnológico aeroespacial em área sem uso pertencente à base área em Salvador. Nos dois casos foram feitos planos de viabilidade de projeto, mesmo processo que será feito em São Paulo com a conclusão prevista até 14 de março de 2025.
Pelo que o Comandante da Aeronáutica disse, pelas condições, são poucas as chances de ver que o museu em Marte não seja encarado como viável. No atual projeto, como a área original onde se imaginaria que fosse construído o museu foi repassado para a prefeitura, a proposta é de usar um lote dentro do Pama – Parque de Material da Aeronáutica de São Paulo. O projeto ainda engatinha mas teria acesso pela Avenida Braz Leme, na altura da Praça Ten-Cel. Heleuses Nogueira. Toda uma adaptação do espaço será feito, talvez possam ser erguidos novos hangares para abrigar as aeronaves maiores. É preciso estudar o que de área aberta pode ser aproveitada. A princípio um total de 70.000m2 está sendo reservada para a instalação da estrutura. Uma empresa do setor de alimentos – não divulgada – já entrou em contato para ver se poderiam instalar um restaurante no lugar. Outros estudos como quem fará o transporte das aeronaves de São Carlos para São Paulo estão sendo montados. Tudo ainda está na fase de elaboração. Se na assinatura da parceria surgiu o nome Museu Aerospacial Paulista, esse ainda é provisório. Conversando com Marcos Amaro, presidente do Museu Asas de um Sonho, no primeiro comodato está prevista a ida de 40 aeronaves para o acervo do novo museu. Entre os exemplares estão o Supermarine Spitfire, o F4U Corsair, os Fokker 100 e 50, o Lockheed Constellation e o Jahú. Curiosamente, a assinatura da parceria foi feita um dia após a divulgação que o Sikorsky SH-3 Seaking e o Dassault Mirage IIIDBR que estavam em São Carlos tinham sido transportados para Itu (SP), onde Marcos Amaro tem o Fama Museu e dentro dele há alas destinadas à aviação. Marcos explicou que o Asas de um Sonho possui 110 aeronaves o que daria para preencher até mais de duas unidades de exposição. A intensão é de preencher os 25.000m2 disponíveis em Itu com pelo menos 25 aeronaves de menor porte. Nesse lugar, que é a maior massa tombada pelo patrimônio do estado, há algumas restrições estruturais, especialmente quando se fala em pé direito, que restringiria a instalação de aeronaves de maior porte como o Constellation. Houve o rumor que o Marcos Amaro teria negociado o terreno onde já havia sido o aeroclube de Itu, para fazer lá uma estrutura grande o suficiente para abrigar as aeronaves maiores, mas as negociações não seguiram em frente com a prefeitura. A prefeitura de São Carlos, segundo Amaro, também o procurou para ver se conseguia fazer alguma coisa ainda na cidade. Estudos estão sendo feitos para ver a viabilidade dessa proposta. O Asas de um Sonho ainda tem muitos exemplares na condição de restauro, o plano é de que esse trabalho seja feito para onde ela for deslocada. O museu deve também contar com um corpo de voluntários para tal trabalho, eles já tem atualmente uma equipe com 12 pessoas que ajudam de forma espontânea. Com todo o movimento para a criação do novo museu, ainda mais sendo na capital, essa equipe deve aumentar.