Ao redor do aeroporto de Congonhas o caminhão de transporte chegou. São poltronas, cadeiras, mesas, adereços de decoração carregados de um lado para o outro. A culpa de tudo isso é da administração da Aena. Ela forçou a saída das empresas da aviação executiva dos seus tradicionais endereços, próximos à cabeceira 35L, para fazer a reforma, ampliação e adequação no aeroporto central paulistano. A primeira a fechar as suas portas foi a Helisul, que se permaneceu durante oito anos no endereço foi por ter promovido profundas reformas no hangar. Sem dizer bem o que fará agora em São Paulo, a empresa, que tem matriz em Curitiba (PR), diz em nota oficial que há tendência de que o uso do helicóptero em São Paulo se intensifique, mas não define se vai erguer alguma estrutura em outro lugar. Ela gerenciava as operações no heliporto Allta nas proximidades de Barueri, na grande São Paulo, porém recentemente passou a bola para a SP Air. No dia 7 de janeiro a Tam Aviação Executiva fechou seu hangar 1 e começou uma pesada reforma no hangar 10, que fica do lado oposto do aeroporto, bem pegado à cabeceira 35R. Na verdade são três hangares que vão receber novas salas VIP (que a Tam havia acabado de inaugurar no hangar anterior) e ter melhores espaços para atendimento aeroportuário e hangaragem. A empresa é líder nesse quesito em Congonhas. Sabendo das mudanças, a Tam começou no final do ano passado a oferecer os serviços de apoio à aviação corporativa na sua base em Jundiaí (SP), distante cerca de 75km, onde ela possui um centro de manutenção de aeronaves executivas. Segundo a empresa, a maior parte das vagas no hangar para esse segmento já foi preenchida e o volume de atendimentos de voos tem crescido. A parte administrativa da Tam foi para o escritório de um prédio na zona sul da cidade, ao lado do Shopping Morumbi, curiosamente no mesmo endereço para onde seguiu a Gol (que também saiu dos hangares em Congonhas), e ainda uma empresa de gerenciamento de frota e táxi-aéreo que locavam espaços seus no hangar 1. Por enquanto não há notícias de que o Campo de Marte terá algo da Tam. A Líder Aviação, por sua vez, alterou bastante a sua estrutura.

No final de janeiro, quando foi completada a manutenção de uma aeronave de um cliente, eles puderam entregar as suas instalações originais que abrigavam a aviação de asas fixas e rotativas. Também buscaram um dos hangares que era da Voar, do outro lado de Congonhas, com acesso pela Avenida dos Bandeirantes e onde foram concentrados o atendimento às empresas de fretamento, gerenciamento, incluindo as aeronaves da frota deles e departamentos de vendas. Nesse endereço o foco é a aviação fixa. Os serviços de manutenção de aviões foram basicamente transferidos para o aeroporto de Sorocaba (SP), ocupando o hangar de 4.000m2. Os centros de serviços da Gulfstream e Honda se deslocaram para lá. Nesse aeroporto a vantagem é que, além de funcionar 24h, não é preciso agendar as operações de pousos e decolagens como em Congonhas. A Líder prevê um aumento de 66% na capacidade de atendimento simultâneo com a nova instalação. Para os helicópteros em São Paulo a Líder dividiu os trabalhos. Abriu uma base no Campo de Marte, no hangar de cerca de 12.000m2 que era da Tucson, para fazer o atendimento aeroportuário, hangaragem e manutenção para esse segmento. A empresa também fechou uma parceria com o Helicidade para executar reparações de modelos Leonardo e Bell que moram por ali. Com essa composição deve ser aumentada em 88% a capacidade de atendimento para os helicópteros. Fora isso a Líder mantém a capacidade de apoio em Viracopos e Guarulhos para os fretamentos. Na atual fase a Líder passa a ter uma capacidade de suporte para 45 aeronaves simultaneamente, três a mais que o que podia ser feito até então. Com o manejo de toda essa aviação, Congonhas segue cada vez mais o caminho da vocação voltada para a aviação comercial. Aviação executiva é para poucos. A comercial é para muitos, vende mais pão de queijo e café a preços exorbitantes e gera bem mais renda.