A Mercedes-Benz escolheu bem o modelo para lançar a sua família de carros 100% elétricos, fez o EQC do que seria a GLC sem o motor à combustão, inclusive a plataforma é a mesma, só que abrigando todos os conjuntos de baterias e motores e isso foi primordial para acelerar o desenvolvimento do modelo. Base exclusiva de carro elétrico da Mercedes viria apenas com os EQS e EQA. O modelo também estava destinado a uma fatia de mercado que tem bom volume de vendas, um dos principais segmentos por sinal e já é um modelo com bom peso em termos de marketing, com padrão elevado de acabamento e recursos. Não seria um carro de entrada e isso faz a boa diferença na propaganda. O desenho é muito feliz, a grade frontal com os muitos filetes horizontais cromados dão um ar de Classe E. A iluminação diurna de LED tem importante participação no desenho da frente do carro, com a linha iluminada na parte de cima da grade principal unindo os dois faróis. Vira nave espacial. Olhando de lado o EQC é maçudo, superfície quase que totalmente plana e o teto tem um caimento suave a partir da coluna B, ficando entre o que é visto na GLC SUV e a GLC Coupé.

A traseira, quase que arredondada, tem desenho bem limpo onde as lanternas esguias se unem numa régua também iluminada contínua ao longo de toda a porta do bagageiro, esta que abre com sensor de passada de pé. As rodas de liga leve AMG de 19” tem um desenho bem futurista, com gomos retangulares intercalados com o desenho dos raios externos. O desenho geral deixa o carro maior do que realmente é apesar de ter 4.762m de comprimento e 2,873m de entre-eixos. A GLC Coupé mede 4,742m e tem a mesma medida de entre-eixos. Entrando a cabine do EQC é típica da Mercedes, com suas luzes ambiente com infinitos tons e diversas combinações, mas não é tão carnavalesco quanto o que existe no EQA. No EQC a harmonia de desenho dos elementos de painel e tela do infoentrenimento é melhor que o visto no GLC, que a tela é mais destacada. No EQC tudo está contido em elemento único e as saídas de ar são mais belas que as redondas encontradas na GLC. Fora isso, na direção estão os mesmos comandos de piloto automático adaptativo, controle de funções de telas, atendimento de telefone e no meio do bancos dianteiros está a plataforma de comando do infoentretenimento a ser usado como um laptop. Atrás do volante ainda estão a seletora de câmbio à direita e dos piscas e limpadores de parabrisas e vigia traseira na esquerda. O EQC tem, além de tomadas 12V e USB-C para carregar o seu dispositivo portátil, uma tomada USB-C para conectar e fazer o espelhamento da tela do seu celular. Só que essa integração nem sempre acontecia. Os recursos do Android Auto do nosso Motorola Edge 30neo apareciam na tela quando o carro desejava, sem explicação. A mesma coisa aconteceu com o EQA usando um outro Motorola, o Edge Fusion Viva Magenta. O EQC tem sistema de comando de voz, mas isso não quer dizer que ele realmente entenda o que você quer. Não funcionou bem. Mas segundo o fabricante, é possível estabelecer até o nível e recarga das baterias. Ele também responde à alguns gestos de mão para fazer, por exemplo, acender as luzes de leitura. Os ocupantes do banco traseiro tem espaço de sobra para as pernas e a caída do teto não afeta o espaço para a cabeça. O ocupante do meio até que tem um espaço com certo conforto para trechos curtos, o túnel central é pouco elevado. Não tendo o passageiro do meio, a parte central do encosto pode ser rebatido para servir como apoio de braços com direito aos dois porta copos. O teto solar deste carro não é panorâmico.

Se qualquer Mercedes tem um tratamento acústico beirando a perfeição, imagine o que poderia ser neste elétrico. É tão bom que pouco dos ruídos que normalmente ficariam encobertos pelo som do motor à combustão (o contato dos pneus com o solo, o vento e até os grilos provocados pela trepidação nas ruas cheias de imperfeições) é passado para o interior. O comportamento dinâmico desse SUV parece mais alinhado com um sedã do patrão. As suspensões, mesmo em modo de condução esportiva são mais para o mole e é preciso tomar cuidado ao passar por lombadas ou valetas. O retorno das suspensões é rápida demais, em várias vezes é possível bater forte as partes baixas do chassis, em geral logo após o eixo dianteiro. Isso não deve ser bom com o passar dos anos, então todo cuidado é pouco, mesmo levando os mais devidos xingamentos na rua por passar a lombada como se estivesse com nojinho. Nas curvas essas suspensões também priorizam o conforto, então a comunicação entre o que você faz ao girar o volante e as reações do conjunto do carro não tem uma exatidão tão apurada. Em contrapartida o conforto a bordo é muito bom. Com dois motores, um em cada eixo, ele possui, no final das contas, 408cv disponíveis e um torque de 77,5kgf.m, números bem respeitáveis mesmo para um carro que pesa cerca de 2.500kg e é uma relação peso potência melhor que a da GLC Coupé que tem motores de 194cv a 294cv e pesa de 1.835 a 1870kg. O resultado é de um carro rápido quando é preciso. Na primeira medição de aceleração, saindo com um certo destracionamento o EQC chegou aos 100km/h em 5,34s. O curioso foi quando iniciamos de um trecho ligeiramente molhado. Dava para ouvir todas as rodas destracionando mas de uma forma muito contínua, sem vibrações, como se estivesse numa superfície de areia, resultado da acuidade da atuação do sistema de controle de tração. Nesta vez o SUV fez de 0 a 100km/h em 5,61s. Na melhor das tentativas, sem patinar as rodas, o EQC cumpriu a tarefa em em 5,25s. Sempre foi escolhido o modo mais esportivo de condução.

 Na hora de reacelerar saindo de 60km/h e pisando fundo para atingir os 100% de entrega de energia, ele chegou aos 120km/h em 4,74s. Na hora de parar, os freios desse carro transmitiram a sensação de serem um pouco borrachudos. Seria mais agradável ver uma aplicação mais definida. O EQC possui bateria de 80kWh. Cumprindo um teste com o carro carregado ao extremo, como se cinco pessoas de 80kg e mais carga plena de bagageiro estivessem a bordo, deu para fazer 262km na estrada. Já com o carro vazio, fizemos 336km, havia ainda sobra de energia para percorrer outros 86km e segundo o carro, nesse percurso conseguimos ganhar o equivalente a 100,5km de alcance oriundo das regenerações de energia. Dá para gerenciar o nível de regeneração pelas borboletas atrás do volante. E é bom ficar atento quando parado no trânsito. Quando estiver imóvel, é aconselhável pisar mais pesadamente no pedal de freio para ativar o modo Hold, se não dá para ver que o carro fica consumindo um pelinho de energia sem necessidade. Na média o consumo nessa etapa se manteve em 5km/kWh. Na cidade o alcance chegou a 352km. Apesar da bateria grande, o EQC tem uma salvaguarda meio que pesada demais para o processo de recarga das baterias. Plugando o carro num totem de 350kW da Stuttgart, revenda da Porsche em São Paulo, o fluxo de energia que o carro deixava entrar na bateria era de no máximo 91kW. Na média o recarregamento não passou de 71kW. Isso significa mais tempo para recarga e, na oportunidade, levou quase que uma hora para sair de 27% para os 100% de bateria.

Levando em conta que mais eletropostos com totens de 150kW estão sendo instalados em estradas, seria melhor que o processo de recarga pudesse ser mais ágil (dá para imaginar cerca de 50% a menos de tempo) nesse carro até porque é um modelo que já se torna viável na ponta do lápis, se compará-lo com o que se poderia ter, na mesma categoria, com um modelo de motor à combustão. A tabela do EQC começa em R$ 693.900,00 enquanto que se uma GLC SUV sai por a partir de R$ 459.900,00, a GLC Coupé sai por R$ 610.900,00, ou seja, os valores começam a se aproximar para deixar de precisar fazer conta na hora da aquisição ou quanto seria preciso andar a mais para compensar o valor maior a ser gasto. E a Mercedes instalada gratuitamente um totem de recarga no seu endereço de preferência. Esse equipamento pode ter capacidade de até 22kW mas o mais comum, por conta da estrutura da rede elétrica local, é deles terem capacidade de 7 a 11kw, o que serve para aquelas recargas feitas ao longo da noite. Dá para imaginar, que num futuro próximo, a marca só venha a oferecer um produto eletrificado de uma SUV deste porte.

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Mercedes-Benz
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