No começo dos anos 2000, Rolim Amaro, fundador da TAM, anunciou que compraria 20 jatos da Embraer, na época o modelo pretendido era o ERJ-190 (posteriormente rebatizado de E190) num processo que levaria cinco anos dentro da renovação da frota que era composta por 50 Fokker 100 e 18 Airbus. Nessa mesma época o A318 também estava sendo pautado para ser comprado. Era uma notícia acalentadora para a Embraer que tinha lançado o E190 em junho de 1999 e tinha entregue o primeiro dos jatos da nova família para a JetBlue em 2004. Ela trabalhava para a aceitação dos E-Jets aqui no Brasil. A Azul havia feito a sua primeira encomenda em 2008 e a Trip Linhas Aéreas recebeu o seu primeiro de nove E175 em 2009. Porém vender para a TAM era um degrau mais alto, principalmente para colocar seus produtos numa companhia que privilegiava o uso de modelos da Airbus – e Boeing em menor quantidade – e era uma empresa internacional.

A ideia foi por água abaixo em novembro de 2006, quando a TAM optou pela compra de 37 Airbus para fazer a substituição do Fokker 100. Naquela época, o contrato previu a entrega até 2010 de 12 A319, 16 A320 e 3 A321 além de seis A330 de longo curso. Em 2014, chegaram as notícias que a TAM fecharia a compra de 18 jatos com capacidade de 70 e 110 assentos com a opção de compra de 12 outras aeronaves sendo que as primeiras entregas deveriam ocorrer a partir de 2018. Os Embraer voltaram a ser cotados pois fazia modelos exatamente desses tamanhos. Naquela época, tirando essas negociações, o então presidente da companhia, Marco Antônio Bologna, o plano da TAM era de investir cerca de R$ 11 bilhões na frota até 2018. Naquele cenário, os Embraer poderiam voar para 4 a 6 destinos regionais. Foi outra conversa que não seguiu em frente. Em agosto de 2021, já com a Latam, foi discutida a compra de 30 Embraer com direito a conversas diretas entre o CEO da Latam geral, Roberto Alvo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro dos Portos e Aeroportos Silvio Costa Filho. Foi um trabalho para que as empresas aéreas brasileiras, e não somente a Latam mas até a Gol, comprassem os aviões da Embraer. Na época, a Latam também avaliava o Airbus A220 para compor a sua frota.

Em agosto de 2024 houve uma pequena frustração, durante o Fórum Econômico Chile-Brasil, realizado pela ApexBrasil pela embaixada do Brasil no Chile e pela Sofofa (Sociedad de Fomento Fabril) era esperado o anúncio da compra pela Latam de 9 Embraer E195-E2, mas o anúncio não aconteceu. Agora esse namoro ao que parece firmou compromisso. Voar de Embraer no Brasil deixará de ser exclusividade da Azul. A Latam encomendou um pacote de 24 E195-E2 tendo a opção de compra de outros 50 desses jatos. As primeiras entregas devem começar no segundo semestre de 2026 inicialmente para a Latam do Brasil, sendo que será possível a entrega de alguns exemplares para outras unidades do grupo. O pedido firme está avaliado em aproximadamente US$ 2,1 bilhões. O projeto da Latam é reforçar o crescimento no mercado regional com destinos que tem menor demanda de passageiros, leia-se concorrer mais diretamente com a Azul, já que o que ela fazia antes, com a parceria operacional com a Voepass foi ceifado tragicamente com o acidente do ATR-72 que caiu em Vinhedo (SP) em 9 de agosto de 2024 o que consequentemente gerou a paralisação dos voos daquela companhia regional.

Os E195-E2 tem capacidade para até 146 passageiros, sendo que a Azul, por exemplo, usa uma configuração de 136 assentos em classe única com fileiras no padrão 2+2 assentos. O atual menor avião que a Latam usa no Brasil, o Airbus A319 pode transportar até 144 passageiros em duas classes, a econômica padrão e a econômica premium, que não utiliza o assento do meio (o A319 tem fileiras com assentos dispostos em padrão 3×3) e oferece mais espaço entre as poltronas que também reclinam um pouco mais. Segundo a Embraer o E195-E2 pode ser até 30% mais econômico que modelos de geração anterior. O E195-E2 é impulsionado por uma par de Pratt & Whitney GTF (PW1900G) de 19.000 a 22.000lbs de empuxo, tem alcance máximo de 2.500nm (4.600km) e peso máximo de decolagem em 131.000lbs (59.400kg). Por enquanto a Embraer possui uma carteira global de 330 pedidos firme pelo E195-E2 sendo que a Azul é a maior operadora com 51 pedidos feitos desde 2015.