Flyton
Tudo organizado
Manter uma aeronave voando passa das questões de manutenção e capacidade da tripulação, a parte administrativa da máquina deve ser também encarada com o mesmo perfil profissionalizado. A atividade de gerenciamento de aeronaves ou frotas tem crescido no Brasil por razão da própria expansão da aviação nos últimos anos. A maior parte dessas ações são feitas ou a partir de departamentos criados por famílias ou empresas para cuidar de suas frotas particulares ou são braços de corporativos de compartilhamento de propriedade. Entretanto há uma grande parte da frota que não tem nenhum plano gestor para cuidar de sua vida, o que definitivamente não é adequado. Quem nos explicou foi Othon Ribeiro, conhecido no meio aeronáutico faz mais de trinta anos, dono do hangar Nações em Jundiaí (SP), foi um dos fundadores da Voa São Paulo e agora lança a Flyton, empresa que presta serviços com o foco prioritariamente no gerenciamento de operação de aeronaves. Os processos são conhecidos, eles cuidam do planejamento de fluxo de caixa, controle de documentação, planos de voos, acompanhamento de treinamento de pilotos, toda a parte técnica com a digitalização da documentação de cada voo e a vida das manutenções da aeronave, a proposta é concentrar e profissionalizar a atividade. É o compartilhamento de gestão. A nova empresa forma um time central que vai atender diversos clientes, então o custo operacional será mais baixo que um departamento estruturado dentro de uma empresa. É uma questão de R$ 17.000,00 de taxa mensal para ser feita a gestão. Contudo o valor pouco abrange o que realmente se ganha tendo uma equipe trabalhando para a sua aeronave e vai do início, da escolha da aeronave. Othon cita o exemplo de um cliente que apareceu com duas opções de compra de aeronave, um monoturboélice Pilatus PC-12 e um jato leve Cessna Citation CJ, ambos dentro de um patamar de US$ 2 milhões, mas não via que um custava parado US$ 500 mil e outro US$ 1,3 milhão. No caso de manutenção, Othon vê que cerca de 70% dos proprietários não tem a informação técnica e, em geral, não tendo noção, toda a gestão recai em cima de alguma secretária que provavelmente passará ao piloto todo o trabalho em cima da vida da máquina. O problema é que esse piloto talvez não tenha uma formação administrativa, pilotos foram formados para voar. Lá na frente a situação pode acarretar na diminuição da segurança de voo, por ter um tripulante a bordo sobrecarregado nas suas funções. A Flyton tem um sistema de gerenciamento que permite digitalizar o livro de bordo da aeronave. O recurso pega as informações do controle do voo, quantas horas foram voadas, para onde a aeronave seguiu e voltou, joga tudo no CTM – Controle Técnico de Manutenção que gera um mapa de tudo que está por vencer e possibilita uma visão do que é preciso ser feito, estimar com mais eficiência os prazos de encomendas de peças para deixar a máquina menos parada na manutenção. Com tal ferramenta foi possível a Flyton analisar o histórico de manutenções de uma aeronave e detectar que a oficina que fez os trabalhos considerou que algumas peças precisavam fazer determinados procedimentos de manutenção por tempo limite de vida dentro de um regramento da Anac. Só que olhando mais criteriosamente, foi constatado que a interpretação da regra foi incorreta, ficando alguns itens com o tal tempo limite de vida vencidos. Em caso de algum acidente ou mesmo incidente, isso poderia acarretar no não pagamento por parte do seguro. Se tiver algum problema de lesão, poderia gerar um processo criminal. A tarefa da gestão profissional é mitigar a possibilidade de erro. O piloto também é orientado para preencher o diário de bordo de uma forma correta e padronizada para ser escaneado e entrar mais facilmente no sistema da Flyton via inteligência artificial. Com o preenchimento correto dos diários de bordo, isso pode evitar desde multas por inspeção da Anac em rampa ou encarar uma manutenção não prevista por erro de histórico. Tendo o mapa da vida da aeronave é possível pesquisar melhor sobre as opções de oficinas para fazer tal manutenção, buscar melhores preços e prazo nas peças necessárias.
Outra ótica da Flyton é de formatar culturas e doutrinas em cima dos pilotos e com o dever de se visto algo fora do padrão, reportar ao cliente. Émerson Evaristo, gestor da Flyton, explica que a transparência na gestão também pode gerar economia. Ele já vu situações que a prestação de contas era dúbia. Determinado gasto, que poderia ser uma manutenção, não tinha comprovante e conforme o cliente pedia a justificativa, dava-se um jeito ou se não acontecesse o questionamento, a coisa era deixado de lado. O esquema mais comum era de despesas de tripulantes e fechamento de câmbio feito com uma taxa de Dólar diferente da que foi efetivamente pago. O mercado de aeronaves executivas, para Emerson, já cruzou a barreira das 1.000 aeronaves no Brasil e desse total 80% está operacional. Cerca de 150 a 200 aeronaves devem viver com gestoras de frotas, ficando uma massa de mais ou menos 650 aeronaves que os proprietários precisam mudar a cultura operacional. A Flyton também terá um taxi aéreo homologado que trabalhará com aeronaves agregadas dos seus clientes de gestão nos períodos que elas estiverem paradas. Até pode soar semelhante com o corriqueiro esquema que muito pilotos fazem para tentar amortizar as despesas do patrão (e garantir o emprego), entretanto, além de tirar a situação da clandestinidade, é possível oferecer uma estrutura organizacional que o piloto sozinho não tem a capacidade e nem recursos de manter. A manipulação dos manuais, cobranças, pagamentos, a burocracia ficam tudo à cargo da Flyton. Nesse bolo estão as resoluções para importação de peças, planejamento do item que está para vencer e ter que comprar com antecedência. Frequentemente o piloto não tem uma estrutura de captação de clientes para vender os voos e nem terá a força para cobrar o valor adequado. Comum é vê-lo botar um valor apenas para cobrir um buraco, que pode ser o seu próprio salário, sem pensar nos outros custos operacionais da máquina, esses que vão de fato cair no colo do patrão. No final das contas no vermelho, a situação não passou de um tiro no pé, pois sem receber o que um dia lhe foi prometido, o patrão acaba vendendo aeronave e o piloto segue desempregado.
A proposta da Flyton é de evitar tal situação. Numa pesquisa feita pelo Othon junto à Anac, há 10 anos existiam 400 táxis aéreos homologadas no país, atualmente são 122. Os motivos segundo o empresário se deram à própria linha de momentos de mercado e algumas novas regras que complicaram um pouco a vida do setor. Boa parte desses táxis aéreos existiam apenas para que o proprietário tivesse alcance em algumas vantagens como a de conseguir peças para manutenção por custos mais baixos. A Flyton vai operar apenas com aeronaves de terceiros, nada de máquinas próprias, e sempre de modelos maiores, de turboélices para cima. O foco é a gestão de aeronaves executivas a partir do porte de um King Air C90. É uma equipe cara, qualificada, não daria para disponibilizá-la para cuidar de um único Bonanza. Eventualmente se um cliente de um Gulfstream tiver um Robinson R-44, o helicóptero pode entrar no pacote de gestão. Eles veem que muitas gestoras que apareceram recentemente, nasceram da necessidade de dois ou três sócios administrarem uma aeronave. É grande o mercado para cotistas em planos de propriedade compartilhada. A Flyton, segundo Othon, nasce mais para dar o suporte para empresas sem gestão profissional. Não é o objetivo deles pegar essas aeronaves e oferecê-las em cotas como o caso da Prime You, Avantto ou Amaro Aviation. Outra das tarefas da Flyton será a de mostrar que podem ser parceiros dos pilotos. Não é segredo que muitos voam preocupados em reação de que uma empresa de gestão de aeronave possa querer impor ao cliente que ele voe com x ou y piloto tirando o seu ganha pão. Othon diz que a Flyton não terá essa cultura, que sim, foi disseminada por várias empresas de táxi aéreo e, principalmente, vendedoras de aeronaves. A função da nova empresa é de orientar esse profissional. Ou seja, sobre todas as pontas para a operação de uma aeronave, a sua administração é a que dá mais trabalho. A proposta da Flyton é a de facilitar a vida do operador, ficando a ele apenas a parte de desfrutar o seu voo.
Onde achar:
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