BYD Song Plus













Perna Longa
O tema alcance é o que mais pega na atual fase de eletrificação dos automóveis. Culpa do maior tempo para recarregar a bateria de um carro 100% elétrico e a falta de costume e discernimento do consumidor. Na cidade, se você tiver um carregador, ainda que de carga lenta para cerca de 11kWh instalado na sua casa, prédio ou no trabalho, algo como 80% das suas necessidades de recarregamento serão supridas. Enquanto você dorme, por exemplo, seu veículo já estará abastecido e provavelmente em tempo menor que o passado com a cabeça no travesseiro. Na estrada a coisa ainda é mais trabalhosa, é preciso planejamento, gerenciamento e programação de como fazer o trajeto e sim, ainda há algumas áreas desprovidas de eletropontos que vão dificultar o seu caminho. Todavia, o público em geral não se atenta que o tempo de parada numa viagem pode ser o mesmo tanto faz se o veículo é elétrico ou à combustão (tem gente que fala de peito aberto, que numa viagem ele não quer saber de esticar as pernas, tomar um café ou ir ao banheiro. Ele só quer chegar, encher o tanque de combustível e seguir viagem. O perigo pelo cansaço acumulado ele pode ver depois). Para os mais céticos, a opção pelos modelos híbridos os deixa mais confortáveis ainda mais com as propagandas que dizem que carro x ou y faz milhares de quilômetros com único tanque. Aqui chegamos no BYD Song Plus DM-i. O SUV médio de cinco lugares promete fazer 1.000km ou um pouco mais (a BYD anuncia 1.200km) com a sua bateria de 18,3kWh que alimenta o motor elétrico de 194cv e torque de 33,14kgf.m trabalhando em conjunto com o motor 1.5 de quatro cilindros, aspirado, gasolina, que entrega 105cv e torque de 13,77kgf.m. Combinados, o motorista terá à sua disposição 235cv e torque de 40,8kgf.m. O carro na versão atualmente vendida no Brasil melhorou bem nesse quesito em relação à versão inicial que tinha bateria de 8,3kWh e conseguia fazer somente 28km só no modo elétrico. Agora ele consegue chegar aos 63-68km. E a capacidade de recarga da bateria dobrou de 3,3kWh para 6,6kWh, o que significa menor tempo para a recarga. Esteticamente o carro mudou quase nada, a carroceria continua a mesma. Para dizer que não fizeram alguma modificação, colocaram o nome do carro em outro lugar na tampa do bagageiro. O carro tem linhas bonitas, meio que comuns nos atuais SUV, ainda mais de origem chinesa. Ele é maior que um Jeep Compass e semelhante ao que é entregue pelo GWM Haval H6. O BYD tem 4,705m de comprimento sendo 2,765m de entre-eixos e largura de 1,890m. O Compass tem 4,404m de comprimento, entre-eixos de 2,636m e largura de 1,819m. O GWM Haval H6 Phev19 tem 4,727m de comprimento, entre-eixos de 2,738m e largura de 1,940m. O Interior do BYD chega a ser até discreto, há luzes coloridas de ambiente, mas sem exagero. Os assentos e partes da cabine são bicolores, que faz com que aumente a sensação de espaço que por sinal é bem generoso. Na traseira o piso é plano, que traz conforto para o ocupante do meio e há bastante espaço na região dos ombros e boa altura de cabine. Na frente os controles na direção são fáceis de usar, no mostrador de 12,3” as informações tem uma boa lógica de exposição.
Na tela central multimídia rotativa de 15,6” é tanta informação que chega a ser trabalhoso ir atrás de alguma configuração. Pelo menos para alterar a temperatura do ar-condicionado basta encostar três dedos na tela que já vem um ícone que você usa para alterar a regulagem. Essa tela trabalhou com rapidez com o Android Auto dos Motorola Edge 50 Ultra e Razr 50 Ultra. Há um nicho para carregamento por indução, mas fazer a operação via cabo esquenta menos o celular. Mas é preciso ter um cabo USB com uma ponta de Tipo C e outra de tipo A e as tomadas são um pouco escondidas na parte mais baixa do console central. Deixando o celular lá, pelo menos dificulta o roubo. Nesse console ainda existe um grande porta treco entre os bancos. A manopla do câmbio fica logo à frente junto com comandos dos três modos de condução, dos modos de uso híbrido ou somente elétrico, o auxílio de parada do veículo, botão de partida, freio de mão eletrônico, volume do som, duas teclas do ar-condicionado, o desembaçador do para-brisas, o sistema de centralização nas faixas, pisca alerta e do alerta de aproximação de outros veículos. Para entrar nesse BYD, você pode fazer por chave presencial, por cartão ou se o seu celular tiver sistema NFC o acesso pode ser por ele. Ajustar a melhor posição do banco – com comandos elétricos – para dirigir o Song Plus foi fácil, a visão para fora só é um pouco restrita pela vigia traseira, mas a câmera de ré e de 360º com guias móveis facilitam muito nas manobras. O carro também possui alertas visuais nos retrovisores para a presença de algo nos pontos cegos. O teto solar é panorâmico. Por dentro ele pareceu ter um acabamento melhor que o do Haval 6 e muito semelhante ao que a Jeep entrega em seus produtos. O bagageiro possui capacidade de 574l e se a porta de acesso é elétrica, faltou o sensor de abertura no pé. Mas a grande questão era se o Song Plus conseguiria fazer os tais 1.000km – ou mais – usando o seu tanque de 57l e mais a energia da bateria. Para isso fizemos uma viagem entre Americana (SP) e o aeroporto da Pampulha em Belo Horizonte (MG) o que daria 639km com uma teórica reserva para circular dentro da capital mineira, seguir até o museu do Inhotim em Brumadinho (MG) e quem sabe chegar em Três Corações já no retorno para São Paulo (SP). O ponto de partida foi o posto Graal 125 Sul, pois lá existe um eletroponto da We Charge e evidentemente a bomba de combustível. Hodômetro zerado, tanque e bateria em 100% e o carro indicava que poderíamos andar 1.100km com a gasolina comum e mais outros 97km com a bateria. O dia estava quente, ao meio dia o termômetro indicava 29ºC. A vantagem foi que as estradas percorridas estavam com quase nada de trânsito. Paradas, basicamente só se corpo pedir. Pé no acelerador já vendo que esse SUV é muito esperto. Os três modos de condução pouco se diferem. No esportivo ele não se transforma numa Lamborghini em segundos, a diferença é tão pouca que o modo econômico vai lhe atender em todas as situações. De curvas esse SUV é, em suma, um SUV. Não existe uma exatidão nas entradas e principalmente nas saídas de curvas, mas o conjunto chacoalha menos que o esperado. De qualquer forma ele foi feito para priorizar o conforto. O freios respondem de forma coerente como que se espera, não são borrachudos e é fácil aplicar a leve pressão em situações de longas descidas para garantir um pouco mais de energia para a bateria. O silêncio a bordo é muito bom, o fluxo aerodinâmico e o som da rolagem dos pneus eram baixos, mas o carro estava com dois grilos constantes, um vindo das bandejas da suspensão dianteira e outro do teto solar. O sistema de som com 9 auto-falantes é bom, apenas isso, mas tinha bom corpo nos médios e graves. Para tentar o máximo de alcance, determinamos que a velocidade deveria seguir o que era de lei, entre 110 e 120km/h. Para o Song Plus isso traduziu em fazer a viagem com muita margem de potência. O fabricante declara que ele faz de 0 a 100kmh em 8,3s, na vida real você pode considerar que essa marca está mais para 8,7 ou 8,8s, todavia o que é muito bom. O SUV pesa 1.790kg, não é leve. O GWM Haval H6 HEV de 2023 com motorização híbrida com 243cv, 54kgf.m de torque, pesando 1.699kg acelerou no teste da HiGH 103 em 8,9s. Nas ultrapassagens, a impressão de segurança plena, a mesma coisa ao acessar uma rodovia com o trânsito um pouco mais intenso.
Ao chegar no Inhotim, marcador indicava que tínhamos rodado 740,8km, tínhamos 103km de alcance com o tanque de gasolina e outros 63km com a bateria, ou seja, rodaríamos 906km desde que saímos do Graal 125 perto de Americana. Não atingiríamos os 1.200km da BYD e tão pouco chegaríamos à meta dos 1.000km. Mas é preciso levar em consideração que o caminho entre São Paulo e Minas Gerais nesse sentido é feito com muita subida de serra. O dia estava muito quente, passando por longos períodos com temperatura acima de 32ºC e o que fez com que o ar-condicionado fosse bem exigido. O grande parabrisas garante muita irradiação de calor para dentro do carro e a ventoinha do ar ficou trabalhando em geral em nível três ou mais. Apesar de termos encontrado trechos com chuva, esse fator não seria determinante para um maior consumo mas, sem dúvidas, os trechos em subida e o uso intenso do ar condicionado limitaram o alcance. No geral no trecho de ida o carro fez uma média de 15,89km/l sempre usando o modo híbrido, configurando para ritmo econômico e principalmente, desligando a opção que o faz automaticamente alterar a condução para esportivo toda vez que o carro entende que você pisou mais fundo no acelerador. Para falar a verdade, foi um pouco decepcionante, a diferença para um carro totalmente à combustão – e mais barato – não foi tão grande assim. O que deu para constatar é que entre os gastos e ganhos de energia na estrada, o carro conseguiu sempre manter a bateria com um nível que permitiria uma média de 63-67km de alcance. No retorno, novamente completamos tanque e bateria para sair de Betim (MG) e seguir para São Paulo (SP). Ai veio a surpresa, depois de rodar 579,6km, estávamos com alcance de 67km de bateria e mais 393km de tanque de combustível. O alcance total seria então de pelo menos 1.039,6km. No caminho desta vez, mais descidas de serra e a viagem foi feita em períodos do dia mais frios (um terço do caminho feito à noite), o ar-condicionado foi bem menos exigido. Num mundo ideal e com uso majoritariamente urbano, com mais chances de regeneração de energia com as frenagens do trânsito é muito plausível atingir os 1.200km. Nesse trecho, a média de consumo do Song Plus se estabilizou em 18,23km/l que já começa a ser um número que transforma o investimento nesse híbrido mais positivo. Se pensar numa conta de padaria, que ele poderia até fazer 21km/l na cidade, a vantagem cresce ainda mais. O BYD Song Plus tem preço básico de R$ 244.800,00 (mas havia uma promoção no site com ele saindo por a partir de R$ 234.800,00). O GMW Haval H6 PHEV19 está sendo oferecido por R$ 244.000,00. É uma disputa acirrada. Com esse mesmo montante de dinheiro dá para levar para casa um Jeep Commander Longitude T270 (R$ 227.990,00) com motor pequeno flex de 176cv e 27,53kgf.m de torque que o deixa um pouco chocho, mas tem sete lugares. Esse Jeep começa a ficar com performance mais adequada com o seu porte se motorizado com o motor Hurricane, 2.0 de 4 cilindros, gasolina com 272cv a 5.200rpm e torque máximo de 40,8kgf.m a 3.000rpm, mas essa versão sai por a partir de R$ 318.990,00. O VW Tiguan tem tabela começando com R$ 299.990,00 e o Chevrolet Equinox sai por R$ 275.790,00. Um primo chinês híbrido, o Chery Tiggo 8 Pro PHEV que tem versões com 5 e 7 lugares entrega mais motor, combinado os dois elétricos (170cv) com o combustão (147cv) são 317cv e torque de 56,6kgf.m, mas somente na bateria de 19,27kWh ele anda 54km e o tanque de combustível tem capacidade de 60l. A Caoa pede a partir de R$ 279.990,00 por esse Tiggo. É um bom leque de opções ao consumidor, bons em tamanho para uma família com casal e duas crianças, esses carros entregam conforto e confiança para todas longas em estrada. O BYD Song Plus em si, entre 2024 e janeiro de 2025 vendeu 17.910 unidades e se fixa como líder de mercado na sua categoria e se tornou o híbrido mais vendido em 2024. Ou seja, caiu no gosto do brasileiro.
Onde achar:
BYD
https://www.byd.com/br/car/song-plus-dmi











