Do catálogo da Stellantis, para quem não gosta do estilo do Peugeot 208 nem do Fiat Pulse, a opção é seguir para um padrão quase que mais utilitário. O novo Citröen C3 Aircross é um SUV compacto com linhas mais quadradonas invocando maior robustez. Esteticamente é um carro de boa personalidade, a frente é robusta com os elementos de iluminação separados (e que infelizmente não tem os faróis principais em LED) e paralamas que dão um ar de bochechudo ao carro. Lateralmente até tem um quê de Jeep Renegade, muito por conta da coluna C bem na vertical e pelo desenho das janelas, impressionantemente parecidas. A impressão continua na traseira com as lanternas quadradas e saltadas. Só faltaram as caixas de rodas com formato reto para ficar igual ao Renegade. As rodas são de liga leve aro 17” o que também colabora para dar um ar de maior robustez ao conjunto. Ele também é a definição da troca de perfil entre Peugeot e Citröen. Antes a primeira marca era a mais popular, a segunda mais sofisticada, agora essa ordem foi invertida. Dá para perceber já entrando no carro pois a chave não é presencial, sequer é do modelo canivete. O acabamento se correto, a forração dos bancos é de material sintético imitando o couro, em diversas partes é usado o plástico duro e olhe que estamos num carro no padrão Shine, que define a ser a mais completa entre os C3 Aircross. Não há teto solar, o freio de mão é por alavanca, nada de ar condicionado digital com separação de zonas e até os comandos dos vidros elétricos foram posicionados para baratear os custos, os traseiros são acionados por teclas no console entre os bancos dianteiros. Há apenas uma tomada USB-A e uma de 12V na parte frontal do console. Todavia eles disponibilizaram um nicho para recarga de celular por indução – e que fez esquentar bem um Motorola Edge 30neo durante o procedimento. O painel do motorista possui uma tela de 7” e o sistema de infoentretenimento possui uma tela de 10” sensível ao toque que fez o pareamento com o celular sem fio e de forma rápida. É um sistema que tanto trabalha com o Apple CarPlay como o Android Auto. E essas telas bem que poderia tem um desenho mais moderno, integrado. O sistema de som entregou um acabamento sonoro bem razoável, com graves encorpados tanto é que devido alguma falha de encaixe no acabamento da porta dianteira direita, foi preciso ajustar a equalização para um nível mais baixo de graves para eliminar um ruído por vibração de partes plásticas. Foi um pouco difícil ajustar o banco para uma geometria mais favorável entre direção, assento e pedais. O encosto na parte lombar era meio que grossa demais e o desenho do assento apertava um pouco as coxas.

A impressão que deu foi a do motorista dirigir sempre com o corpo e braços um tanto para cima da direção. As manivelas de ajuste do encosto e de altura do assentos ficam um pouco espremidas no espaço entre o banco e a porta. Ainda que em posição mais baixa, a pessoa tem a sensação de estar com o banco elevado. Lembra um pouco a posição que o motorista tinha a bordo do Fiat Dobló acentuado pelas paredes da carroceria que são bem retas, a vigia traseira de tamanho generoso e o espaço para o teto. Pena que os espelhos externos são um pouco pequenos. Na parte traseira, os três ocupantes tem bom espaço na altura dos ombros, graças também ao desenho mais reto das paredes. O C3 Aircross tem versões de cinco e sete lugares, todas com o motor 1.0 de três cilindros em linha, turbo, flex e que entrega 125/130cv a 5.750rpm e torque máximo de 20,4kgf.m a 1.750rpm, sempre trabalhando com um câmbio CVT com 7 velocidades simuladas. A versão desta matéria é a de cinco lugares. A versão com sete recebe um conjunto de assentos traseiros bipartidos (60/40) que dobra e rebate para frente para abrir um espaço para o acesso à terceira fileira. Se na versão de cinco lugares o bagageiro comporta 493l (sendo 1.080l com os bancos rebatidos), na versão com 7 lugares sobra apenas o espaço para 50l. Apesar de menor, com essas disponibilidades de configurações, o Citröen C3 Aircross é potencial concorrente do Chevrolet Spin que tem motor de concepção mais antiga, um 1.8 quatro cilindros, aspirado, flex de 111cv e torque máximo de 17,7kgf.m. Em termos de tamanho o C3 Aircross mede 4,320m e possui um entre eixos de 2,675m. O concorrente da Chevrolet mede 4,42m de comprimento e tem entre eixos de 2,62m, entretanto o Citröen tem 1,796m de largura e a Spin entrega 1,95m e essa diferença é basicamente sentida no porta-malas que tem boca mais larga no Chevrolet. A Spin também ganha em volume de bagageiro se for equipada com 7 assentos, tendo capacidade de 553l. O carro da Chevrolet também oferece um pouco mais de segurança ao ter 6 airbags na cabine enquanto que o Citröen só vem com quatro. Contudo, pesando 1.216kg (a Spin pesa 1.292kg) em ordem de marcha, com mais potência e torque o Citröen é um SUV bem mais ágil. Não falta fôlego, acelerando de 0 a 100km/h ele conseguiu fazer a medição em 9,6s usando etanol.

Ele possui modo de condução esportiva, mas a tecla de acionamento fica fora de mão, na parte de baixo do console, do lado esquerdo da coluna de direção. Se quiser fazer a mudança porque precisa fazer uma ultrapassagem a coisa deve ser feita com maior antecedência e com maior cuidado, pois invariavelmente o motorista terá que arquear o corpo para frente e tirar os olhos da pista para apertar um simples botão. O carro ganha sim um pouco de mais agilidade, mas não muita, ao manter o motor girando a cerca de 300rpm a mais que no modo normal. A suspensão é de certa forma calibrada para o conforto e deve ter sido pensada para o carro cheio com a terceira fileira de assentos, tanto é que andando com o carro vazio, com duas pessoas a bordo ocupando apenas os bancos dianteiros, o C3 Aircross tendia a querer sair de traseira em tudo quanto era situação, andando lento ou rápido. Se passasse por cima de algum desnível, dava para sentir a traseira abanar. O pequeno motor é ruidoso, parece mais um diesel, talvez por conta disso ele até que soou mais econômico que o esperado. Na primeira medição de consumo, sendo feito 90% em estrada usando gasolina comum, a média foi de 12,246km/l, daria para chegar aos 13km/l caprichando um pouco mais. Passando para o etanol, o consumo na estrada foi aos 10,8km/l. Na cidade, usando gasolina a média também foi de 10,8km/l. A Citröen pede a partir de R$ 112.990,00 pela versão básica Feel de 5 lugares, chega aos R$ 128.590,00 da versão Shine 5 lugares desta matéria e pode chegar aos R$ 136.590,00 pedidos pela Shine 7 lugares. A tabela da Spin começa em R$ 121.790,00 da versão LT com câmbio manual, passa pelos R$ 139.990,00 da versão LTZ automática de 5 lugares e chega aos R$ 147.190,00 da versão Premier automática de 5 lugares. Mas tanto um quanto o outro devem ser mais encarados como carros de cinco lugares. Se a pessoa quiser um SUV de 7 lugares, é preciso pensar no mínimo no Jeep Commander que recentemente ganhou o motor Hurricane de 272cv mais adequado ao seu porte. Com cinco lugares, o Citröen C3 Aircross se mostra um produto adequado. Não terá o recurso de tração 4×4 e nem o motor mais potente do primo Renegade (185cv) para uma incursão mais pesada no fora de estrada, todavia, os números de ângulo de entrada de 23,8º e de saída de 32º da carroceria são semelhantes ao do Jeep (22º/32º) e até a superior altura mínima do solo de 200mm ante os 192mm do Renegade pode fazer que esse C3 Aircross Shine até chame a atenção de um perfil de consumidor semelhante, daquele que usa um SUV compacto somente na cidade, um pouco na estrada e no máximo botando ele para andar na estradinha de terra do acesso ao sítio.

Onde achar:
Citröen
www.citroen.com.br