HR-V Touring
O recheio é bom
Se houve um grande acerto da Honda nos carros lançados no Brasil, e foram muitos nas últimas décadas, o HR-V pode ser listado como um dos melhores. Sempre vendeu bem, apesar de custar um tanto caro pelo que ele é. Em 2023, segundo a Fenabrave, o modelo ficou em 7º lugar entre os 40 SUV emplacados no Brasil com 48.054 unidades e mantendo uma participação de 6,14%. A liderança foi do VW T-Cross com 72.440 unidades e 9,26% de participação de mercado. Na sua segunda geração ele poderia ser enquadrado numa categoria meio degrau acima do que se pode considerar um SUV Compacto. Com a atual motorização ele vai brigar com as versões de entrada do Jeep Compass, Toyota Corolla Cross ou VW Taos. Isso também por conta do preço a partir de R$ 195.800,00 pedido pela versão Touring desta matéria. A versão mais em conta é a EX Sensing que a tabela começa em R$ 151.200,00 e brigaria com o Jeep Renegade 4×2 nas versões Sport ou Longitude ou com o Chevrolet Tracker RS ou Premier. Não é a coisa mais barata desse mundo. Para justificar os valores pedidos, a Honda disponibilizou um bocado de recursos para o HR-V. Na Touring o pacote Sensing é composto pelo piloto automático adaptativo, os sistema de centralização das faixas (bem discreto nas intervenções em cima da sua condução), de mitigação de saída de pista, de frenagem de emergência e o ajuste automático de farol alto para o baixo e se quer saber, esse foi um dos pontos fracos. Se a regulagem de farol alto para o baixo foi sempre rápida para não atrapalhar quem vem no sentido contrário, o facho nunca foi bom, muito disperso e mesmo com a regulagem de altura, nunca iluminava direito. O carro é acessível pelo aplicativo MyHonda Connect que permite ligar e desligar, travar e destravar as portas do carro e ainda acionar o ar condicionado. Dá para obter informações de pressão dos pneus, autonomia, notificações em caso de colisões, acionamento de alarme de segurança, fazer rastreamento e criar áreas delimitadas que o carro não possa ultrapassá-las. Você pode arquivar registros de viagens e checar os prazos de revisões. Entrando no carro a cabine segue uma pegada mais moderninha, bicolor em tons claros, contudo não é como o BYD Dolphin, as linhas de toda a cabine são mais limpas.
O espaço interno é o bastante para quatro pessoas se acomodarem bem. O quinto passageiro até que tem um espaço razoável para se acomodar no banco central traseiro. O painel do motorista é bem convencional e salta à vista o ecrã de 8” sensível ao toque do sistema de info-entretenimento que trabalha com o Android Auto e com o Apple CarPlay, com conexão rápida mas sempre com fio. Esse Honda também tem a câmera de ré conjugada com o retrovisor direito e cada vez que se aciona a seta para aquele lado a imagem é projetada na tela do info-entretenimento. Há o nicho para carregamento por indução de celular abaixo do painel. Usando um Samsung Galaxy S24 Ultra ele executou o serviço começando com 30% na bateria de 5.000mAh e chegou aos 100% em 5h30min. Em todo caso, além de uma tomada 12V, são duas tomadas USB-A para a parte dianteira da cabine e outras duas para a traseira. Ele possui sistema de abertura de porta do bagageiro de 354l via sensores embaixo do parachoques, mas não se sabe qual o motivo exato, nunca funcionou. Para fechar há o botão de acionamento. Os bancos do HR-V podem ser dobrados para ganhar espaço para levar grandes volumes. Numa das formas os assentos podem ser elevados abrindo um vasto espaço do piso ao teto, mas é preciso levar em consideração que assim, a visão pelo retrovisor interno fica limitada. Se a coisa for muito grande, mas não pesada, dá para deitar os bancos traseiros e até o do passageiro dianteiro. O que é bem notável é o silêncio na cabine como também o sistema de som que mesmo com apenas 4 alto-falantes e 4 tweeters o corpo do som sempre foi do médio para o bom. Numa longa jornada entre São Paulo (SP), Sorocaba (SP) e Paracatu (MG) um trajeto que percorreu cerca de 2.200km ida e volta, deu para fazer algo como 600km diários sem sentir o corpo cansar nos bancos do HR-V. Todas as versões vem com um motor 1.5 sendo que a Touring usa o motor do Civic quando era nacional, um quadricilíndrico 1.5 em linha, agora flex, turbo, com 177cv a 6.000rpm e torque de 24,5kgf.m entre 1.700 a 4.500rpm acoplado num câmbio CVT com 7 velocidades simuladas. Como ele pesa 1.422kg em ordem de marcha, a quantidade de cavalaria é bem suficiente para dar ao carro um perfil, se não esportivo, bem ágil. Selecionando o modo esportivo, desligando o ar condicionado, o HR-V foi sair da imobilidade e chegar aos 100km/h em 8,6s usando etanol. É uma boa marca, contudo o mais importante é saber como esse carro se comportou reacelerando. Até que ele não foi preguiçoso, simulando a ultrapassagem na estrada de um caminhão andando a 60km/h, selecionando o modo esportivo, o carro reagiu de forma bem esperta, a resposta no acelerador aconteceu sem muito atraso apesar do câmbio CVT ainda ser um tanto quanto lento demais.
O HR-V chegou aos 120km/h em 8,9s. Não foi um daqueles carros que depois que ele é colocado à esquerda do outro a ser ultrapassado, o motorista entra em modo aflição torcendo para que a manobra termine logo. É preciso enfatizar bem a ação do modo esportivo. Selecionado ele faz de imediato a rotação do motor subir 200 a 300rpm enchendo um pouso mais o ânimo do carro. As subidas de giros até que se tornam mais alegres, mas não espere que ele se transforme num esportivo ou entregue aquela sensação de torque imediato de um carro elétrico. Carregado com cerca de 480kg, usando gasolina, o consumo urbano foi de 10,38km/l. Na primeira aferição em rodovia, ainda carregado e continuando com gasolina no tanque o HR-V seguiu fazendo 10,95km/l. Na segunda etapa, já com o carro vazio, a média usando gasolina comum subiu para 13,45km/l. Em algum momentos deu para ver o indicador de consumo chegar aos 15,5km/l, mas deveria ser algo muito pontual. Alternando para o etanol, na estrada, o consumo foi para 11,35km/l. Em todos esses casos o modo de condução foi mantido no Econômico. Ao mudar para o modo Normal, abastecido de gasolina comum, o consumo foi para 10,29km/l. Foram números melhores que o divulgado pela Honda que indica que na cidade ela faz de 7,9 a 11,3km/l ( etanol/gasolina) e na estrada o consumo ficaria entre 8,8 a 12,6km/l (etanol/gasolina). Ou seja, na estrada é primordial manter o carro rodando em modo Econômico para obter um alcance maior e se precisar, como numa ultrapassagem, é aconselhável trocar para o modo Esportivo pois as reações na aceleração melhoram. Em termos de dirigibilidade, ele é um SUV, a comunicação da direção, suspensão e chassi não é aquela coisa, e ainda com uma configuração de fábrica que prioriza o conforto, não dá para querer que ele faça curvas tendo desempenho de hatch esportivo. Na estrada entre Uberaba e Paracatu, há muito trecho sinuoso, em subidas e descidas com ondulações até que bem pronunciadas em meio de curvas e muitos buracos para desviar o que serviu de grande teste para a dirigibilidade do veículo. Deu para perceber que a carroceria rola um bocado em alternâncias de direção, entretanto não foram faltas graves. Boa parte da viagem foi feita sob chuva severa gerando muita área empoçada e várias vezes foi sentido o sistema de controle de tração e estabilidade trabalhando bastante para manter o carro na linha. Essas irregularidades também dificultavam a vida do sistema de centralização de faixas que alertou diversas vezes que tina perdido as referências para continuar ativo. O conjunto da obra torna o HR-V Touring um carro a ser pensado para a família. É um tanto caro, mas vaia agradar mais que decepcionar quem o comprar.
Onde achar:
Honda
www.honda.com.br