MRO Brasil 2024
A caixa de ferramentas será aberta
A aviação brasileira vai entrar em manutenção. Entre os dias 25 e 26 de setembro acontecerá a terceira edição da MRO, feira dedicada ao setor que abrirá seus estandes no Centro de Convenções Frei Caneca em São Paulo (SP). Décio Corrêa da organizadora Delta Fox nos explicou que o Brasil é o quarto maior parque de manutenção aeronáutica do mundo, o mesmo posto também se refere ao mercado global de manutenção. Nas suas contas, uma aeronave qualquer em sua vida útil vai gastar mais dinheiro em manutenção do que na sua operação propriamente dita. O setor também evolui a cada minuto com novas tecnologias, sistemas e equipamentos e a feira acaba sendo uma oportunidade para os fornecedores para mostrar tais novidades de forma mais direta. Segundo Décio, praticamente todos os expositores estarão com lançamentos nesta edição da sua feira. A MRO Americas, a maior dessas feiras teve 1.040 expositores nos Estados Unidos, há ainda as edições em Dubai, Inglaterra, França, Austrália entre outras. O objetivo da Delta Fox é de transformar a edição brasileira na terceira maior do mundo. Atualmente a feira abriga cerca de 60 expositores. A maior evolução está em cima dos sistemas onde é possível fazer manutenções preditivas, aquelas que antecipam um trabalho que pode gerar uma indisponibilidade da máquina. É a velha história de sempre checar e fazer a prevenção do que pode vir a se tornar um futuro trabalho de reparo. Isso economiza em tempo e dinheiro. Nas palavras do Décio, há casos de motores que podem ter seus intervalos entre inspeções ampliadas de 2.000h para 3.000h. É um ajuste na cultura de manutenção em geral. Acompanhado a isso há a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para melhor viabilizar esses procedimentos. De carona está a evolução da mão de obra, com melhores qualificações e um aumento na segurança de voo. A manutenção como toda a cadeia do mercado de aviação ainda sofre com as consequências da época da pandemia, faltam insumos, suprimento de peças e linhas de produção que ainda não voltaram a atender da mesma forma que na época anterior as restrições geradas pela Covid-19. A disponibilidade mão de obra foi muito afetada. Para se ter uma ideia, recentemente a Embraer abriu um programa de estágio para capacitação de pessoas com 50 anos ou mais no setor de tecnologia.
São 165 vagas e os formados serão aproveitados tanto na Embraer como empresas parceiras. A Boeing que tem uma sede em São José dos Campos (SP) voltada para o desenvolvimento de novas tecnologias também abriu seu programa, o segundo, voltado para estudantes do último ano de engenharia e que deve começar no primeiro trimestre de 2025. No ano passado ela recebeu 2.700 inscrições para 18 vagas. Devido a grande procura, nesta atual edição eles resolveram ampliar o programa para 36 vagas. Segundo a empresa a iniciativa está alinhada com a estratégia global da empresa em promover a excelência em engenharia e desenvolver futuros talentos nos países em que eles atuam. E é bem sabido, que a mão de obra brasileira está sendo muito seduzida para trabalhar fora. Décio promete um painel no evento que possa debater técnicas não só para desenvolver futuros engenheiros e mecânicos como também como retê-los no Brasil. Paralelamente há o fator de que as novas gerações de engenheiros não tem mais o interesse pela aeronáutica como as anteriores, a moda agora está em cima de tecnologias digitais. Um engenheiro de games ganha muito mais que um que vá fazer ou manter aeronaves. Existe também um paradigma nessa história, porque desde a pandemia a procura por aeronaves, tanto faz a categoria, está muito aquecida. Teve gente que não participará da edição de 2024 da MRO porque mal consegue atender a demanda de serviços que chegam nas suas portas. Fazer promoção, se não institucional, nem é preciso. Por outro lado, para tentar fazer esse setor mais palatável, a MRO também começa a mudar. A entrada será franca na tentativa de atrair mais público e a promessa do Décio é que ela terá uma estrutura de estandes mais modernas, um pouco mais alinhado ao que se viu na Labace e no Catarina Aviation Show. A razão básica é que a própria MRO estará sendo avaliada por pelo menos uma centena de empresas que do que virem neste ano possam fazê-los a participar em 2025.