Vamos para a praia

Nova vida para aviação no nordeste

A situação se repetiu em diversas cidades brasileiras. Por conta da aproximação dos bairros em seu entorno um aeroporto se vê acuado. Algumas vezes um aeroclube está lá dentro dele e precisa lutar para não fechar as portas. Como que em vários casos essas entidades estão em aeroportos secundários a força da grana da especulação imobiliária acaba vencendo essa queda de braço. Com o Aeroclube de Pernambuco não foi diferente. Nasceu em 1940 no bairro que fica a Bacia do Pina em Recife (PE), no aeroporto Encanta Moça. Uma área de 21 hectares bem perto da praia de Boa Viagem e portanto bem valorizada. Foi obrigado a sair em março de 2013 e permanecera até agora só podendo ministrar cursos teóricos, pois como não tinha aeronaves próprias, somente as doadas pelo antigo DAC, e tão pouco um lugar para operá-las, essas acabaram sendo repassadas para outras entidades. Só que depois que receberam uma indenização por de serem sido desalojados, em meados de 2018 a diretoria daquele aeroclube começou a pesquisar onde poderiam voltar a funcionar em sua plenitude. A melhor opção apareceu no aeroporto Coroa do avião que fica em Igarassu, cerca de 23km de Recife. A vantagem é clara, o aeroporto tem já uma boa estrutura montada com hangares, abastecimento, pista asfaltada e balizada para operações visuais diurnas e noturnas. Ele fica também deslocado de qualquer tráfego aéreo no aeroporto de Guararapes/Gilberto Freire. Para completar não fica tão longe assim do centro de Recife.

Para a reestruturação foram investidos R$ 2,5 milhões, boa parte para custear a vinda de novas aeronaves. Trouxeram um Cessna C150 Aerobat, um Cessna C172 RG com aviônica para voos IFR e um ultraleve Fox V6. Além disso compraram um simulador AATD  SBPA com painel contendo um GNS530 para instrução tanto de monomotor como bimotor. Eles estão recuperando um AeroBoero e compraram um Piper Seneca II e um C150 com painel modernizado com Garmin 795. A hora de voo no C150 está em R$ 450,00 pagando avulso ou R$ 390,00 se fizer um pacote de 35h.  No C172RG a hora de voo IFR pagando avulso sai por R$ 750,00 e R$ 660,00 adquirindo um pacote de 10h. Para o Seneca II a tabela da hora avulsa está em R$ 1.800,00 e num pacote com 6h cada uma sai por R$ 1.500,00. Com o C150 Aerobat eles vão oferecer a partir de setembro o curso de recuperação de atitudes anormais com turmas de 10 pilotos. São pacotes de 3h de voo e que deve sair por R$ 3.000,00. O simulador sairá por R$ 125,00 a hora avulsa ou comprando um pacote de 10h cada uma sai por R$ 100,00. O aeroclube teve que basicamente se reestruturar por completo, já se adequando as novas normas no RBAC 141, o que deve a princípio garantir uma melhor qualidade de ensino. A entidade também vai usar as aeronaves para voos panorâmicos já que estão numa área privilegiada tendo a Coroa do avião, a ilha de Itamaracá e a região de Maria Farinha bem ao lado. Voando o Cessna C150 para um passageiro o voo de 15 minutos sai por R$ 400,00 e se a opção for pelo C172RG o mesmo voo de 15 minutos sai por R$ 500,00 com dois passageiros ou R$ 600,00 com três passageiros. A região do Recife é bem central no nordeste, Pernambuco tem a 3ª maior frota de aviação geral e executiva do nordeste, sendo assim a meta é de atrair os alunos que mesmo tendo que se deslocar para longe acabaram indo fazer seus cursos no sudeste, principalmente em Minas e São Paulo.

A expectativa é de que alunos do estado, do Ceará e Rio Grande do Norte comecem a se interessar pelos cursos do novo aeroclube. Mas eles também tem ambição de atrair gente num fluxo contrário, do sul do país, por conta da melhor condição meteorológica e pelo ambiente com os diversos pontos turísticos ao lado. Há uma parceria montada com a Uninassau de Recife, os alunos de lá terão algumas regalias. Se contabilizar as 28 escolas da região, nenhuma oferece o curso de multimotor. E de lá se a pessoa quiser treinar os procedimentos de aproximações IFR tem as opções em Recife que fica a 10 minutos de voo ou então João Pessoa (30 min) e Campina Grande (45min) tudo considerando o C172RG. Com a compra do V6  eles pretendem disponibilizar o curso de CPA para pilotos desportivos, pois mais uma vez, por conta do potencial turístico da região, pode ser criada uma demanda para aqueles que só querem voar por lazer e como existe a possibilidade de iniciar o curso de piloto privado usando um LSA, o aeroclube também deve colocar uma aeronave deste tipo na frota. Vale lembrar que a gasolina de aviação no Coroa do Avião está mais barata (R$ 10,35) que a ofertada em Recife (R$ 10,90), a mesma coisa com o querosene que lá sai por R$ 6,00, um a menos que o pedido na capital. O que eles precisam fazer é um alojamento seja por meio da construção de uma estrutura ou fazendo uma parceria na rede hoteleira local. Se for assim, eles conseguem também movimentar a economia local, que precisa. O turismo naquela área apesar do potencial, perdeu para Porto de Galinhas uma força que tinha na década de 1980 e o poder público pouco fez em tempos recentes para esse quadro ser revertido. O aeroclube que já formou cerca de 2.000 pilotos em seus 79 anos de existência talvez não gere um fluxo assim tão grande, mas pode servir de trampolim para novos investimentos sejam criados em seu redor. Espaço tem tanto no céu como em terra.

Onde achar:

Escola de aviação Aeroclube de Pernambuco

Estrada de Nova Cruz, PE14, km 2,6

Aeródromo Coroa do Avião – Igarassu – PE

Tel.: (81) 99237 8312 – whatsapp

www.aeroclubepe.com.br